quarta-feira, fevereiro 14, 2007

A grande sacada dos Salles


Outubro de 2006. Nas bancas, descomunal, uma nova revista. Espanto, mal cabia na bolsa ou na mochila. De antemão, incômoda, mesmo se carregada, à moda das bíblias, debaixo do braço. Religiosamente. Do título, exceção feita às informações de natureza geográfica, pouco ou nada se sabia. Nem mesmo os seus criadores, Walter e João Moreira Salles. “Porque sim” era a resposta que davam quando indagados acerca dos motivos do nome: Piauí. Regionalismo, polissemia, iconoclastia – nada disso. Apenas o desejo de fazer troça. Com tudo e todos.

Na capa da edição inaugural de 26,5 centímetros de largura por 35 de altura, o gracejo que logo se converteria em digital: um pingüim de geladeira. Sobre a cabeça do pequeno animal, uma boina verde-oliva encimada por uma estrela. Vermelha. No rastro da brincadeira, pequenos e cotidianos surtos de uma “esquerda” que se esqueceu de dobrar a esquina e acabou dando com a cara no muro. Que caiu.

Decorridos trinta dias da aparição do pingüim de
Piauí – lançada durante a última Festa Literária Internacional de Parati, a Flip –, nova heresia. Habitando a capa da edição de novembro, Bart Simpson – cujo rosto estampava-se numa camiseta vestida por um nada simpático Che. Nos meses seguintes, outros temas e cores mais ou menos polêmicos ganhariam suas páginas, por cujo espaço também desfilaria um grupo de aparentes desocupados, muitos dos quais com amplo histórico de atividade jornalística. Sempre confundem jornalismo com falta do que fazer.

Natação, línguas indígenas na iminência do desaparecimento, homens e mulheres anônimos, famosos e muito famosos. Maratonas de samba, partos que se transformaram em aventura, além das famosas seções dedicadas a questões de natureza diversa, abarcando de tudo um pouco. Esquinas literárias. Horóscopo às avessas. E diários. Em retalhos, fiapos de vidas que se apresentam entre o riso e a cólera: a escritora radicada em NY, o médico plantonista, o ascensorista. Uma miríade de assuntos pouco recorrentes em sites de pesquisa na Internet. À exceção de Lili Marinho, claro.

No
site da revista, novas novidades a cada mês. Além de todo o conteúdo disponível para acesso, figura uma singela edição. O número Zero de Piauí, em formato PDF, traz oito textos que, por uma razão ou outra, deixaram de entrar no primeiro número da revista. Um dado que, por si só, desperta a curiosidade do já arrebatado e abestado leitor.

6 Comentários

Blogger Débora Medeiros said...

Apareceram uns números aqui em casa, mas ainda não peguei pra ler...

12:07 AM  
Blogger Henrique Araújo said...

pois pegue, que o bagulho é doido!

10:38 AM  
Blogger Débora Medeiros said...

Caramba! Li e é sensacional!

Se não fosse tão cara, colecionava =O

4:43 PM  
Blogger JanAyde said...

minha gente,está desatulizadésimo o blog mais querido!!!

7:50 PM  
Anonymous Anônimo said...

sim, também lamento...

12:17 PM  
Anonymous Anônimo said...

conheçi o blog através da minha professora na faculdade! estou apaixonado e não vivo mais sem ler isso aqui...

...parabéns pelo trabalho de vocês, de muuuuito bom gosto e inteligência!

;D

9:24 PM  

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