terça-feira, maio 08, 2007

Piratas internéticos



“... No entanto, devo lhes advertir que somos corsários rebelados a receber ordem de ninguém. Nem a nós mesmo somos muito fiéis. Não temos rota, carta geográfica ou destino. E só o horizonte, apenas o horizonte, nos força a seguir adiante. " Ayla Andrade


Havia um tesouro guardado sob as barbas do rei, que dormia o azedo sono dos impunes, aqui e ali arrotando e soltando puns travestidos da mais alta cultura. Ele, o rei, guardava-os apenas para si. Fosse por egoísmo ou apenas ignorância mesmo, sequer dava-se ao trabalho de afixar um quadro, folhear um livro ou ouvir uma canção. O reino em questão, cujas dimensões nenhum de seus súditos jamais fora capaz de adivinhar, encerrava-se numa enseada. De frente para o mar, o rei acordava todos os dias, ainda de cara inchada e remelento, e agradecia a si mesmo por ser tão poderoso e bom. E, de quebra, belo. Claro que nem todos compartilhavam da sua opinião. Aliás, mesmo entre aqueles que compunham o séquito que o servia diuturnamente, havia os que o consideravam um grande bundão. E também um sacana filho-da-puta.

Essas histórias sempre têm um “até que”. Com esta não seria diferente. Um dia qualquer, se domingo, segunda ou quarta-feira ninguém sabe, um navio cujas velas eram temidas por todos os sete mares ancorou em águas de Sua Realeza. A ação foi rápida. Em menos de dois dias, pilhadas as riquezas do reino guardadas à sete chaves em muitos vãos do castelo, os tripulantes – certamente piratas – rumaram novamente em direção ao navio. Embarcaram às pressas as muitas caixas com as jóias reais.

Repetiram a ação por seis ou mais reinos, atacando sempre em datas ocasionais; eventualmente, festivas. No final, o volume de ouro e bens culturais acumulado assustou os próprios piratas, que trataram de distribuir tudo entre os mesmos povos antes miseráveis.

Depois disso, passaram-se muitos anos até que novos assaltos corressem o mundo. Nesse intervalo, lendas e contos narrados oralmente começaram a se espalhar através de distintos povoados. Eles, os corsários, haviam sido enviados por deuses do sol e da lua em resposta aos clamores há muito entoados. Afinal, principalmente hoje, sabe-se o quanto foi enxovalhado o poviléu naqueles idos.

Mas, à calmaria se seguiram ondas de dez ou vinte ou trinta metros. Sim, novas e cada vez mais fortes tempestades sacudiram a rotina dos reinos. Ao longe, porém, navio algum se via: agora tripulavam-se os “bites”, categoria ainda desconhecida da maioria. Navegavam-se outros mares, que, a essa altura, não se resumiam a sete, mas a alguns milhares deles, interligados através de um negócio muito bacana chamado internet. Decididos a dar continuidade à pilhagem dos tesouros reais (ainda hoje muito cultivados e sempre bastante concentrados em mãos de tão poucos), eles, os piratas corsários, criaram um site.

Acessem:
www.corsario.art.br.

5 Comentários

Blogger Unknown said...

Que apresentação boa!

Depois dessa, não tem como não clicar.

11:15 PM  
Blogger corsário said...

caros tremas, agradeço - belo texto. salve salve a liberdade dos mares antes nunca navegados

m.frança

12:12 AM  
Anonymous Anônimo said...

quem escreveu?

10:45 AM  
Anonymous Anônimo said...

Tiago Coutinho, tu num vai me colocar na lista mesmo não?avemaria, gente!!
=)

10:13 AM  
Anonymous Anônimo said...

PEEEDROOOOOOO, PARABÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉNSSSSSSS MEU QUERIIIIIIIDO!!!!!

8:38 PM  

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