quinta-feira, janeiro 12, 2006

Grupo TR.E.M.A.território de expressão no mundo anônimo. Mundo anônimo este de difícil acesso e complexa definição, que ainda não está muito clara para nós mesmos que a propusemos decifrar e enveredar. Queremos experiências e ousadias, textuais, visuais e, ainda mais, de relacionamentos. A reflexão vem primeiro e abre este blog. Mais a frente o ensaios e textos teóricos se misturam em espaço e em essência com as entrevistas, reportagens, crônicas... Estando tudo sempre abertas para questionamentos. Para assim, pisar neste mundo com cautela, respeito e abertura, sempre com perspectiva de mudança do ser humano, conseqüentemente, da mente e da realidade humana. Alguns pontos, algumas reflexões introdutórias e iniciais. Uma pausa de três compassos.

::Comunicação::

Forma de expressão para legitimação e surgimento da cultura. Uma forma de combate a hegemonia vigente, seja cultural e/ou econômica. Cultura que extrapola a idéia de produção artística e percebe, muito mais, as relações humanas como forma de expressão de um grupo que, embora autônomo, muitas vezes não possui visibilidade midiática. E quando a tem, discordamos da maneira como a maioria vem sendo apresentada. Queremos humanizar a relação entre as formas de midiatização e os grupos que são matérias-primas para a construção da realidade virtual. Nossa comunicação prentende entender o ser humano como detentor de grandes narrativas, como pessoas, que embora anônimas, são expressivas, com riquezas culturais e de conhecimento.

::Território e Mundo Anônimo::

Local onde os erros, os paradoxos e as inovações são permitidos. Por um lado, buscamos a expressão, algo próximo da motivação da fala, da ação direta, do reconhecimento de autonomia. Entendemos que todos esses elementos são fundamentais para a garantia da formação de um sujeito tanto pela perspectiva individual, quanto pela coletiva. Somente com o auto-conhecimento de emancipação pode-se iniciar alguma mudança concreta, através de organizações de grupos que ajam de forma orgânica na sociedade. O termo “expressão”, a priori, pode ser confundido com algo incompatível com o termo “anonimato”, o silêncio. A pertinente preocupação pode ser pensada de várias formas. Há, sim, incompatibilidade quando entendemos que o anônimo apenas age, sem almejar nenhum mecanismo de expressão. No entanto, se percebermos que qualquer atitude, até mesmo a omissão, pode ser entendida e compreendida como forma de externar sensações, sentimentos, angústias e felicidades, a incompatibilidade se desfaz. Nada impede que as duas formas de expressão se convirjam em ações com fins específicos. Mas para isso, precisamos – mais do que compreendermos e entendermos o anonimato – reverter a omissão em autonomia, nos reconhecendo como sujeito político e agente, com capacidade de modificar a situação vigente que se mantém hegemônica às custas do anonimato e da ausência da expressão.

::Grupo::

Nós, enquanto agentes comunicadores e produtores de mídia, nos sentimos anônimos dentro do arsenal econômico das grandes corporações midiáticas e dos grandes veículos de comunicação. Encontramo-nos também dentro desse paradoxo do anonimato e da expressão. Por um lado, reconhecemos que a mídia seja um campo fundamental onde há o espaço para a construção e transformação da realidade. Este espaço, porém, acreditamos, encontra-se regido por leis industriais, mercadológicas e capitalistas e, por meio desses interesses próprios e egoístas, constrói e legitima outros campos formadores de realidade.

Sabemos sermos minoria no campo midiático, anônimos. Mas reconhecemos que a nossa permanência neste campo se faz essencial para podermos revertê-lo e deixarmos de entender a realidade apenas como mediatização e virtualidade, para também deixarmos de acreditar que merece consideração apenas aquilo que é legitimado pelo campo midiático. Desconstruindo essa lógica – uma realidade ainda utópica, sabemos –, estaremos sim, formando novos paradigmas de relações sociais, menos opressora, com mais autonomia, visibilidade e organização.

Nosso objetivo maior, portanto, talvez seja o nosso fim, juntamente com o esgotamento e superação deste mundo anônimo. Quem sabe, também, ultrapassamos nossas origens, e vislumbramos a manutenção de nosso nome, nossa sigla. Mas, ao invés de sermos um território de expressão no mundo anônimo, almejamos ser um território de expressão no mundo autônomo.